Outubro Rosa: o papel das empresas no combate ao câncer

Claudio Viggiani, presidente do Instituto ABIHPEC

Outubro chegou e, com ele, a onda de campanhas de conscientização sobre o câncer de mama. O laço rosa, símbolo da luta contra a doença, toma as redes sociais e as vitrines das empresas. No entanto, em meio a essa mobilização, surge uma pergunta: será que, como mercado e sociedade, estamos realmente fazendo o bastante?

O câncer de mama, infelizmente, é uma das maiores causas de morte entre as mulheres. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que aproximadamente 2,3 milhões de mulheres foram diagnosticadas com a doença em 2020. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) projeta mais de 70 mil novos casos de câncer de mama por ano até 2025. E embora a prevenção e o diagnóstico precoce sejam peças-chave nessa batalha, há outro aspecto muitas vezes ignorado: o impacto emocional que o tratamento causa. Mulheres em tratamento enfrentam não apenas uma luta pela sua vida, mas também pela recuperação de sua autoestima e de sua identidade. E é aí que as empresas, especialmente as do setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, podem fazer toda a diferença.

Não é raro vermos ações simbólicas, como campanhas publicitárias se multiplicando em outubro. São gestos importantes, que ajudam a promover a conscientização, mas que precisam ser acompanhados de ações reais, que aconteçam durante todo o ano. A responsabilidade social das empresas vai muito além de aderir a uma campanha de um mês. A verdadeira pergunta que as empresas devem se fazer é: o que podemos fazer de concreto para apoiar as mulheres que estão enfrentando essa batalha?

Projetos que ajudam as pacientes oncológicas a resgatarem sua autoestima e confiança já existem e precisam do apoio contínuo da iniciativa privada para se expandirem. Um exemplo é o programa ‘De Bem Com Você – A Beleza Contra o Câncer’, que oferece oficinas de automaquiagem para essas mulheres, proporcionando não apenas um momento de autocuidado, mas a oportunidade de se reconectar com sua identidade e recuperar sua confiança. Mas esse é apenas um dos caminhos possíveis. Há muitas maneiras de contribuir, desde o financiamento de iniciativas até a promoção de campanhas de engajamento contínuo com consumidores e colaboradores.

As empresas do setor de HPPC, que conhecem tão bem o valor do autocuidado, têm um papel ainda maior a desempenhar. O setor, que já contribui ativamente com a autoestima de milhões de consumidores diariamente, pode estender essa missão para além do mercado, alcançando mulheres que estão no momento mais desafiador de suas vidas. E não apenas em outubro.

É fundamental que o setor privado, especialmente as empresas ligadas ao bem-estar e à beleza, entendam que seu apoio pode transformar a experiência dessas pacientes. A beleza vai muito além da estética; ela tem um poder de cura emocional que é fundamental para o bem-estar. O apoio das empresas  pode ajudar a tornar esses projetos acessíveis a mais mulheres, em mais lugares, durante o ano todo.

O câncer de mama continuará a ser um desafio global. E as empresas, com seus recursos e capacidade de mobilização, podem e devem ser parte ativa dessa transformação. Não se trata apenas de responsabilidade social, mas de compromisso real com a dignidade e o bem-estar dessas mulheres.

As empresas precisam ter em sua missão  apoiar projetos que oferecem mais do que conscientização, mas também acolhimento e cuidado contínuo. Ao se envolver com iniciativas como o ‘De Bem Com Você’, que já atendeu mais de 50 mil pacientes, elas podem ampliar o impacto dessas ações, criando uma rede de apoio mais abrangente para mulheres em tratamento. Além disso, abrir oportunidades de voluntariado para colaboradores e consumidores permite que mais pessoas se conectem com essa causa de maneira significativa, estendendo o valor da solidariedade para além do ambiente corporativo. O caminho está aberto para quem deseja contribuir de forma real e duradoura.