Fechando as ações do Maio Laranja — mês de mobilização nacional pelo enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes — o Instituto ABIHPEC, em parceria com a Childhood Brasil, realizou no último dia 28 de maio, na sede da ABIHPEC, na Avenida Paulista, em São Paulo, o evento “Não Feche os Olhos Para Isso”.
A atividade teve início com a exibição do curta-metragem “Eu Tenho Uma Voz”, produção da Childhood Brasil que retrata, com sensibilidade e força, os silêncios que envolvem situações de abuso e a urgência de criar espaços de escuta e proteção para meninas e meninos em situação de vulnerabilidade.
Na sequência, uma roda de conversa promoveu um debate plural e qualificado, reunindo profissionais de diferentes áreas para refletir sobre os caminhos possíveis na prevenção e no enfrentamento da violência sexual infantojuvenil. Participaram do diálogo o psicólogo e advogado Ângelo Rigon Filho, o jornalista Thiago Carvalho, e as representantes da Childhood Brasil, Patricia Kelly e Marilda dos Santos Lima.
Com excelente adesão, o encontro reuniu um público qualificado e engajado, composto por profissionais das áreas de saúde, educação, direito, assistência social e organizações da sociedade civil. A roda de conversa destacou a diversidade de perspectivas entre os participantes e a convergência em torno de um princípio comum: a proteção das infâncias exige responsabilidade compartilhada, articulação institucional e escuta ativa.
Dados recentes reforçam a urgência do tema: em 2024, o Disque 100 registrou 289.400 denúncias de violência contra crianças e adolescentes, representando um aumento de 22,6% em relação ao ano anterior, segundo o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Embora os números sejam expressivos, especialistas alertam que ainda refletem apenas uma parte do problema. A subnotificação é uma realidade amplamente reconhecida, especialmente nos casos de violência sexual, que muitas vezes não chegam aos canais formais por medo, vergonha ou falta de acesso à rede de proteção. Isso torna ainda mais urgente o fortalecimento de políticas públicas e espaços de escuta e acolhimento.
Ao encerrar o Maio Laranja com esse encontro, o Instituto ABIHPEC reafirma seu compromisso com a promoção da dignidade, da escuta e do cuidado. Porque quando se trata de proteger crianças e adolescentes, não basta ver — é preciso ouvir, acolher e agir.