Regra Aqui ninguém toca

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Regra Aqui ninguém toca

Um dos desafios de pais é conseguir educar os filhos, conscientizando-os para os cuidados com o próprio corpo, mas sem causar eventuais medos ou futuros traumas sexuais. No site do Conselho da Europa, organização que inclui 47 integrantes, apresenta a Regra Aqui ninguém toca. Tendo como objetivo “ajudar os pais a explicarem aos seus filhos que partes do corpo não devem ser tocadas por outras pessoas”, esse guia também conta com dicas sobre como reagir quando isso acontece e que providências tomar.

O conceito da Regra Aqui ninguém toca é simples: “uma criança não se deve deixar tocar nas partes do corpo normalmente cobertas pela roupa interior, assim como não o deve fazer aos outros”. O guia adota cinco princípios importantes:

1. O teu corpo é só teu – Deve-se ensinar as crianças que elas são donas do próprio corpo e que ninguém pode tocá-lo sem a sua autorização. É preciso falar de forma aberta e direta com as crianças, enquanto estas são pequenas, sobre a sexualidade e as zonas íntimas do corpo, empregando os nomes corretos dos órgãos genitais e outras partes do corpo. Ao fazer isso, estamos ajudando as crianças a compreenderem o que não é permitido. As crianças podem recusar que as pessoas as beijem ou toquem, mesmo que sejam pessoas de quem elas gostam. É necessário ensinar-lhes a dizer «Não», de forma imediata e firme, a contatos físicos impróprios, bem como a fugir de situações perigosas e a contar o que se passou a um adulto de confiança. É importante dizer às crianças que elas devem insistir até que alguém leve o assunto a sério.

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2. Contato físico bom e contato físico mau – As crianças nem sempre sabem o que é um contato físico aceitável e um contato físico inaceitável. Ensine ao seu filho que não deve aceitar que os outros lhe vejam ou toquem nas partes íntimas do corpo ou que lhe peçam para ver ou tocar nas de outra pessoa. A Regra Aqui ninguém toca ajuda as crianças a estabelecerem uma fronteira evidente e fácil de memorizar: a roupa interior. Também ajuda os adultos a falar sobre este tema com os filhos. Certifique-se de que as crianças sabem pedir ajuda a um adulto de confiança, sempre que tenham dúvidas sobre o comportamento de uma determinada pessoa.

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3. Segredos bons e segredos maus – O segredo é a principal tática dos agressores. Por este motivo, é importante ensinar a diferença entre segredos bons e segredos maus e criar um clima de confiança. Todos os segredos que geram ansiedade, desconforto, medo e tristeza não são bons e não devem ser guardados. Pelo contrário, devem ser contados a um adulto de confiança (pais, professores, polícias, médicos).

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4. Prevenção e proteção – Responsabilidade dos adultos – Quando sujeitas a abusos, as crianças sentem vergonha, culpa e medo. Os adultos devem evitar criar tabus sobre a sexualidade e garantir que as crianças saibam a quem se dirigir se estiverem preocupadas, ansiosas ou tristes. Por vezes, as crianças sentem que alguma coisa está mal. Os adultos devem estar atentos e receptivos aos sentimentos e comportamentos das crianças. Existem muitas razões que justificam que uma criança recuse contato com outro adulto ou outra criança, e esta recusa deve ser respeitada. As crianças devem sempre sentir que podem falar com os seus pais sobre este assunto.

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5. Outras indicações úteis e complementares à Regra Aqui ninguém toca

  Informar e divulgar – As crianças devem saber identificar quais os adultos que podem fazer parte do seu círculo de confiança. Devem ser encorajadas a selecionar adultos em quem possam confiar e que estejam dispostos a ouvir e a ajudar. Do círculo de confiança, apenas um membro deve viver com a criança, o outro não deve fazer parte do núcleo familiar. As crianças devem saber como procurar a ajuda deste círculo de confiança.

  Agressores conhecidos – Na maior parte dos casos, o agressor é uma pessoa que a criança conhece. É especialmente difícil para uma criança pequena perceber que uma pessoa conhecida pode sujeitá-la a abusos. Lembre-se que os agressores utilizam estratégias de aliciamento para ganharem a confiança das crianças. Em casa, a regra de ouro para as crianças deve ser contar aos pais sempre que alguém lhes oferecer presentes, pedir para guardar segredos ou tentar passar tempo a sós com elas.

  Agressores desconhecidos – Em alguns casos, o agressor é desconhecido. Ensine aos seus filhos regras simples sobre o contato com estranhos: nunca entrar num carro com um desconhecido nem aceitar presentes ou convites.

  Ajuda – As crianças devem saber que existem profissionais que podem ajudá-las (professores, assistentes sociais, médicos, psicólogo da escola, polícia), bem como linhas de ajuda para as quais as crianças possam ligar para pedir conselhos.

Como mencionamos em posts anteriores, o site do Conselho da Europa também lembra que a violência sexual ou abuso sexual podem “acontecer a qualquer criança, independentemente do gênero, idade, cor de pele, classe social ou religião”. Ressalta ainda que “os agressores são, frequentemente, pessoas que a criança conhece e em quem confia”. Por isso, como diz nossa campanha, Pedofilia: não feche os olhos para isso!

Agradecemos por sua coragem de nos contar um caso tão delicado.

O reconhecimento de situações de violência é muito importante para que se possa dar encaminhamento adequado, tanto para quem sofreu à violência como para quem a praticou. Esse acompanhamento também deverá ser extensivo à família visando o enfrentamento da situação e amenização do trauma e das demais consequências sociais, psicológicas e físicas decorrentes desta violação de direitos humanos.

O Instituto ABIHPEC não fornece atendimento direto à população ou acompanhamento dos casos, nem atua na responsabilização de agressores. Desde 1999, lutamos por uma infância e juventude livres de exploração e abuso sexual desenvolvendo programas regionais e nacionais junto a empresas, conscientizando a população sobre o tema e influenciando políticas públicas.

Recomendamos que procure o Ministério Público da Infância e Juventude do seu estado, a Delegacia de Polícia da Criança e do Adolescente de sua cidade ou o Conselho Tutelar do seu município para solicitar auxílio.

Outras informações podem ser encontradas na seção “Informe-se e saiba como Agir” do nosso site.

Seguem contatos que achamos que podem ajudar neste processo:

PAVAS – Programa de Atenção à Violência Sexual
Dados para contato:
Endereço: Faculdade de Saúde Pública USP
Endereço: 03178-200, Av. Dr. Arnaldo, 925 – Sumaré, São Paulo – SP
Telefone: (11) 3061-7721

CEARAS – Centro de Estudos e Atendimento Relativos ao Abuso Sexual / Instituto Oscar Freire/ FMUSP
Endereço: Rua Teodoro Sampaio, 115, Faculdade de Medicina da USP – Instituto Oscar Freire, Cerqueira Cesar
CEP: 05405-000 São Paulo – SP
Telefone: (11) 3061 84 29
E-mail: cearas@iof.fm.usp.br
Site CEARAS

Centro de Referência às Vítimas de Violência do Instituto Sedes Sapientiae
Endereço: Rua Ministro Godoy, 1484, Perdizes
CEP: 05015-900 São Paulo – SP
Telefone: (11) 3866 27 56 e (11) 3866 27 57
Email: cnrvv@sedes.org.br
Site Sedes