Com as campanhas de conscientização do Novembro Azul aprendemos que fatores como idade, histórico familiar e alimentação podem influenciar diretamente nos riscos associados ao câncer de próstata e que a prevenção por meio de exames de rotina é fundamental para o diagnóstico precoce. E apesar do conhecimento de todos, ainda pouco se fala sobre um dos maiores desafios enfrentados pelos homens: a falta de autocuidado. Um tabu presente na cultura masculina, muitas vezes reforçado pela ideia de que o hábito pode ser associado à perda de masculinidade  ou vulnerabilidade, colocando em risco a saúde física e mental.

No Brasil, apenas 32% dos homens frequentam o médico regularmente, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia. Ainda mais alarmante, a taxa de suicídio entre homens é quase três vezes maior do que entre mulheres, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde. Esses dados mostram a dificuldade dos homens em buscar apoio, os afastando de práticas simples e transformadoras de autocuidado. E é aqui que as mulheres, e a família como um todo, entram como peças fundamentais desse quebra-cabeça.

Muitas mudanças na saúde masculina geralmente são impulsionadas pelo incentivo das mulheres e da família. São elas que, em muitos lares, marcam consultas e insistem em exames de rotina. É um papel que deve ser valorizado, mas precisa ser complementado por uma transformação de atitude por parte dos próprios homens. O autocuidado precisa ser uma responsabilidade individual, um ato de amor-próprio e compromisso com aqueles que nos amam.

O incentivo de pessoas à nossa volta pode ser um ponto de partida para superar desafios. No entanto, transformar a relação do homem com a sua saúde exige que ele assuma a responsabilidade pelas suas decisões e seu cuidado. Encarar a ida ao médico, o cuidado com a saúde mental e a prática de hábitos saudáveis e até o cuidado com a aparência como demonstração de força. Cuidar da nossa autoestima nos fortalece.

O Instituto ABIHPEC, coordenador do programa ‘De Bem Com Você’, realizou ao longo do ano, especialmente em novembro, diversas oficinas de autocuidado para o público masculino, com foco em pacientes oncológicos. Os encontros têm como objetivo proporcionar momentos de cuidado com a aparência, abordando práticas como hidratação da pele, dos lábios, dos cabelos e das sobrancelhas, áreas frequentemente impactadas pelo tratamento contra o câncer. 

Nas oficinas, os participantes aprendem a utilizar produtos específicos que ajudam a recuperar a autoestima para o enfrentamento da doença. Iniciativas como esta são fundamentais para transformar a cultura e o tabu em torno do autocuidado masculino.

O Novembro Azul terminou, mas a campanha de alerta sobre a prevenção do câncer de próstata e a importância do autocuidado e a promoção de uma masculinidade saudável, é um trabalho diário. As mulheres continuarão a ser grandes aliadas nesse processo, mas é hora dos homens assumirem de uma vez por todas o protagonismo da sua própria saúde.

Claudio Viggiani é Presidente Executivo do Instituto ABIHPEC, onde lidera iniciativas de responsabilidade social desde 2013. Sua trajetória é marcada pelo compromisso com a sustentabilidade e o desenvolvimento social, com uma extensa carreira de 25 anos na direção de empresas de perfumaria e aromas, incluindo experiências na América Latina, Ásia e América do Norte.