Empresário no ramo de construção industrial, o mineiro Marcelo Ribeiro enfrentou seus traumas para superar a dor pessoal de quem foi abusado na infância. Ele publicou sua história no livro Sem medo de falar – relato de uma vítima de pedofilia, participou de evento especial realizado no Instituto ABIHPEC, alcançou ainda mais pessoas por meio da mídia e, assim, ajudou a romper o silêncio de outras vítimas e a atrair a atenção das autoridades para um suspeito específico.
Com o fim do silêncio, veio um coro aclamando por justiça. E, em dezembro, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu João Marcos Porto Maciel, 74 anos, em Caçapava do Sul, acusado de pedofilia. De acordo com notícia publicada no jornal O Globo, “durante a investigação da Operação Silêncio dos Inocentes, a polícia identificou seis vítimas de Maciel – quatro dos crimes, praticados entre 1961 e 1980, já prescreveram”, entre eles, o caso de Marcelo Ribeiro.
Mesmo assim, a reportagem de O Globo esclarece que a prisão “foi possível porque a polícia identificou dois adolescentes, de 11 e 12 anos, que sofreram violência sexual continuada há seis anos”. E continua: “os garotos, hoje com 17 e 18 anos, contaram à polícia que foram seduzidos em troca de dinheiro e presentes, nunca recebidos. Segundo o depoimento dos jovens, o homem abusava dos menores fazendo carícias em suas partes íntimas e obrigando-os a se masturbarem”.
Vale lembrar que Marcelo Ribeiro afirma ter sido abusado entre as décadas de 1970 e 1980. Tudo começou ainda em Minas, quando a vítima começou a cantar no coral da igreja, que tinha como maestro o então padre João Marcos Porto Maciel. A vítima, em sua inocência, chegou a se mudar para Novo Hamburgo, onde viveu com o abusador. Nem mesmo sua família desconfiava que ele sofresse qualquer tipo de abuso.
Durante anos, Marcelo manteve sua história em silêncio até revelar tudo primeiramente para a sua esposa, que o encorajou a lançar o livro Sem medo de falar – relato de uma vítima de pedofilia, por meio do qual o autor declara: “Fui abusado na infância. Só quando consegui pronunciar essa frase para minha mulher, aos 42 anos, é que pude começar a viagem em busca de meu passado. Ele estava enterrado pelo sofrimento, pela vergonha e pelo medo de falar. O silêncio é o melhor amigo da pedofilia”.
O suspeito desse e de outros casos denunciados de pedofilia João Marcos Porto Maciel era conhecido pelo nome de Dom Marcos de Santa Helena. “Excomungado da igreja católica em 2009 e da igreja anglicana em 2011, atualmente se apresentava como arcebispo de uma ordem conhecida por Igreja Veterodoxa. A congregação oferecia celebrações religiosas e aulas de música a jovens carentes desde 1997”, informa O Globo, registrando ainda que, “no momento da prisão, Maciel negou com veemência as acusações”.
Após a prisão de João Marcos Porto Maciel, mais pessoas declararam-se vítimas do suspeito. Entre eles, o produtor rural Leoni Dornelles da Silva, que também quebrou o silêncio, contou sua história para a polícia e para a equipe do Teledomingo, da RBS TV, que pode ser conferida agora mesmo clicando aqui. Que a coragem vença o medo, permitindo que denúncias viabilizem a punição de pedófilos.
Agradecemos por sua coragem de nos contar um caso tão delicado.
O reconhecimento de situações de violência é muito importante para que se possa dar encaminhamento adequado, tanto para quem sofreu à violência como para quem a praticou. Esse acompanhamento também deverá ser extensivo à família visando o enfrentamento da situação e amenização do trauma e das demais consequências sociais, psicológicas e físicas decorrentes desta violação de direitos humanos.
O Instituto ABIHPEC não fornece atendimento direto à população ou acompanhamento dos casos, nem atua na responsabilização de agressores. Desde 1999, lutamos por uma infância e juventude livres de exploração e abuso sexual desenvolvendo programas regionais e nacionais junto a empresas, conscientizando a população sobre o tema e influenciando políticas públicas.
Recomendamos que procure o Ministério Público da Infância e Juventude do seu estado, a Delegacia de Polícia da Criança e do Adolescente de sua cidade ou o Conselho Tutelar do seu município para solicitar auxílio.
Outras informações podem ser encontradas na seção “Informe-se e saiba como Agir” do nosso site.
Seguem contatos que achamos que podem ajudar neste processo:
PAVAS – Programa de Atenção à Violência Sexual
Dados para contato:
Endereço: Faculdade de Saúde Pública USP
Endereço: 03178-200, Av. Dr. Arnaldo, 925 – Sumaré, São Paulo – SP
Telefone: (11) 3061-7721
CEARAS – Centro de Estudos e Atendimento Relativos ao Abuso Sexual / Instituto Oscar Freire/ FMUSP
Endereço: Rua Teodoro Sampaio, 115, Faculdade de Medicina da USP – Instituto Oscar Freire, Cerqueira Cesar
CEP: 05405-000 São Paulo – SP
Telefone: (11) 3061 84 29
E-mail: cearas@iof.fm.usp.br
Site CEARAS
Centro de Referência às Vítimas de Violência do Instituto Sedes Sapientiae
Endereço: Rua Ministro Godoy, 1484, Perdizes
CEP: 05015-900 São Paulo – SP
Telefone: (11) 3866 27 56 e (11) 3866 27 57
Email: cnrvv@sedes.org.br
Site Sedes