“Cuidar das emoções é tão importante quanto cuidar do físico”

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“Cuidar das emoções é tão importante quanto cuidar do físico”

A Dra. Vera Bifulco, coordenadora de Psico-oncologia do Instituto Paulista de Cancerologia (IPC) concedeu uma entrevista exclusiva para o Instituto ABIHPEC. A especialista fala da parceria entre o projeto “De Bem com Você – a Beleza contra o câncer” com o IPC; e sobre a importância de uma equipe multiprofissional, da autoestima, do apoio familiar, social e espiritual para o tratamento do paciente oncológico.

1 – Qual a importância da psico-oncologia para o tratamento em pacientes com câncer?

A psico-oncologia tem o objetivo de oferecer ao paciente, à família e à equipe de saúde que o trata um apoio emocional que lhes permita enfrentar a doença melhorando a qualidade de vida em todos os estágios, desde a prevenção, o diagnóstico, o tratamento até a cura e/ou os cuidados paliativos.

O paciente e sua família estão ligados a um sistema emocional único e recíproco, em que sentimentos e emoções mostram-se inter-relacionadas. A equipe de saúde que assiste o paciente não fica fora da necessidade de cuidados, principalmente quando existe um mau prognóstico e não pode ir além do que a ciência tem a oferecer em termos de cura, e isso pode frustrar o profissional médico tanto quanto toda a equipe.

Cuidar das emoções é tão importante quanto cuidar do físico.

2 – De onde os pacientes oncológicos ganham força para superar a doença e as limitações do tratamento?

O momento mais crucial para o paciente é o momento do diagnóstico. Ele vem na contramão de todos os projetos de vida. Quando você imagina o seu futuro e projeta coisas que gostaria de fazer, você nunca imagina ser surpreendido por um diagnóstico de câncer, então vem na contramão de todas as expectativas e, por conta de um diagnóstico, será preciso mudar algumas coisas, como a rotina que inclui o tratamento.

É importante salientar que a única pessoa capacitada a dar o diagnóstico é o médico – não é a família, o amigo, a psicóloga e a enfermeira – e, logicamente, o diagnóstico deve ser passado com a maior sensibilidade possível, fazendo com que a relação médico-paciente, a partir daquele momento, se fundamente num vinculo de confiança.

No entanto, o paciente oncológico irá adquirir força por meio de várias fontes: em primeiro lugar, se tiver essa relação de confiança com o médico já vai começar bem; se tiver uma equipe multiprofissional o atendendo nas diversas necessidades e aspectos desse ser humano, será fundamental, então é enfermeira, psicóloga, assistente social, dentista, fisioterapeuta, fonoaudióloga, enfim, uma rede de profissionais e especialidades é fundamental para atender o paciente, porque nós não somos só físico, nós somos físico, mente, espírito, social, cultural, etc.

Outro aspecto importante é a presença da família e de uma rede social, ou seja, se tenho uma família presente; amigos e/ou pessoas do trabalho solidárias, eu já sei que o paciente tem um suporte extra; e, logicamente, da relevância do aspecto espiritual.

Se esse paciente tem uma família coesa e presente; tem uma rede de amigos; se ele é uma pessoa espiritualizada (não necessariamente precisa estar dentro de uma religião, mas uma pessoa que trabalha o lado espiritual), então acredito que tenha mais condições de superar a fase do diagnóstico e todas as fases do tratamento.

3 – A prevenção é o melhor remédio?

A prevenção ainda é a maior garantia de cura que a gente tem. Então as campanhas de prevenção são importantíssimas, porque o quanto antes detectar o câncer, as chances de cura são muito maiores. No entanto, com a alta tecnologia e os avanços da medicina na oncologia, estamos conseguindo não só a cura, mas também uma sobrevida fantástica e com qualidade de vida.

4 – Como melhorar a autoestima das pacientes oncológicas?

Primeiro é preciso que o serviço onde a paciente está sendo tratada ofereça oportunidades para trabalhar a autoestima e a autoimagem. No caso do do IPC, contamos a mais de cinco anos com a parceria do Instituto ABIHPEC, por meio do projeto “De Bem com Você – a Beleza contra o câncer”, então é um orgulho e uma satisfação muito grande oferecermos esse produto a mais para a paciente. Uma vez por mês podemos oferecer para além do tratamento, uma oficina que possibilita que a paciente melhore a autoestima, melhorando a autoestima, melhora a autoimagem, e são benefícios imensos que se agregam ao paciente, porque há modificações no corpo por conta do tratamento.

Se você oferece os produtos e ensina a fazer uma automaquiagem, uma coisa leve para o dia a dia. E inciativas assim fazem com que o paciente tenha uma adesão maior e, inclusive, melhor resposta física ao tratamento.

5 – Como é sua experiência com as pacientes do IPC nas oficinas do projeto “De Bem com Você – a Beleza contra o câncer”?

Todos as pacientes que passam pelas oficinas do “De Bem com Você” e voltam para as sessões de tratamento, elas voltam com um blush, uma sombra, um batom. Então, através da oficina foi dado um start, aquela motivação para melhorar a autoestima; e elas sempre comentam “está vendo, eu vim com os produtos da oficina”.

Eu sempre digo: enquanto houver vaidade, há cura. Vaidade é o autocuidado, é aquela pessoa que se importa com ela mesmo, e oferecer a oportunidade da automaquiagem com os produtos adequados é um cuidado muito grande. Quando tenho um paciente vaidoso na minha frente, estou contando com 1 ponto a mais a favor.

6 – Qual a relevância da parceria do IPC com o Instituto ABIHPEC?

A parceira com o Instituto ABIHPEC foi agregar valores para além da maquiagem: a amizade, o comprometimento, o cuidado e a troca de experiências.